Acabei de ler este conto da LadyM, e me senti obrigado a postá-lo imediatamente! Há muito tempo não via conteúdo tão bom, espero que gostem tanto quanto eu gostei!
Escuridão, chão gelado, correntes nas mãos. Catarine tinha certeza duma coisa: ela havia sido seqüestrada. Havia escolhido a região do Níger para ser palco da próxima matéria para o jornal onde trabalhava. Contratara um guia e tomara cuidado ao extremo. Até decidir fotografar um oásis meio distante do povoado onde estavam. Foi este seu erro.
Então, tudo escurecera. Quando acordou estava com um saco na cabeça, sendo levada pra algum lugar desconhecido, sentia a cadência desenfreada do cavalo mexer com seu cérebro. A boca seca, o corpo doído. A posição incômoda...
Depois de muito tempo, a chegada. Quando tiraram Catarine do cavalo nem conseguia mais sentir seu corpo, não parava de pé. Jogaram-na no chão frio, após retirarem o capuz. No entanto, mesmo sem capuz não era possível ver nada...
Tateando com as mãos juntas, por causa das correntes, sentiu que havia um pedaço de pano áspero em cima de algo parecido com um catre. Deveria ser um cobertor, ou ter sido um dia, porque ela sentia a aspereza e a malha desgastada. Bem, isso teria que servir para aplacar um pouco do frio que estava sentindo. No deserto é assim... Mesmo nos povoados. De dia calor insuportável, de noite o frio que gela os ossos. É um mundo a parte... O mundo dos extremos.
Pensava o que teria levado aqueles homens a seqüestrá-la... Ela não possuía fortuna, apesar de viver bem. Tinha um bom emprego num jornal especializado em matérias turísticas. Ganhava o suficiente para ter uma boa vida. Mas não possuía família, era órfã. Se esperavam que houvesse uma família pra pagar resgate... Ela estaria perdida.
Deitou e o catre rangeu. Tudo ali cheirava a feno. Onde estaria...?
O sono veio e não pode resistir. Mesmo com medo sucumbiu ao cansaço...
Acordou sendo chacoalhada por um berbere de turbante azul, sujo, que olhava com um sorriso desdentado e cheirando a álcool. Sentiu muito medo e seu corpo gelou quando novamente ele colocou o capuz sobre sua cabeça.
Foi empurrada até um corredor que desembocava numa sala, pôde perceber que abriam uma porta pesada e rangente. Ao invés de jogarem-na novamente no chão, ou num catre, o berbere sujo prendeu a corrente que pendia de seus pulsos em outra corrente que pendia do teto.
Suas pernas tremiam tanto que todo o corpo se mexia também. Os minutos pareciam não passar e quando achou que desmaiaria sem ar, por causa do capuz e por estar em pânico, a porta se abriu novamente.
Percebeu pelos passos que eram três homens. Falavam entre si um dialeto que não podia compreender... Quando chegaram mais próximos dela e um deles puxou de uma vez a frente de sua camisa - arrancando os botões e desnudando os seios - achou que seria seu fim. Estuprada num lugar distante, provavelmente seria largada ali e morreria de hemorragia... Sabia que estava sendo trágica, mas não conseguia pensar em algo diferente.
Queria gritar, mas fora fortemente amordaçada... Sentiu a mão áspera do berbere sujo em um dos seus seios. Uma risada cheia de luxúria e más intenções. Quando ele aproximou-se mais de Catarine, uma voz estrondosa fez-se ouvir.O comparsa sujo afastou-se e resmungou algo para o outro. Provavelmente era o líder. Com o tom de voz potente ordenou algo aos outros homens que ali estavam. Passos... Porta fechada... Respiração ofegante... Ficara sozinha ali com seu seqüestrador... Seria aquele homem um monstro insano... ? Estaria nas mãos dele a morte?
Continua...
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